terça-feira, 24 de março de 2015


Textos sobre os descritores para o 9º ano


2ª Apostila de Exercícios da Língua Portuguesa
(Destinados aos Alunos de 9º Ano
Esta apostila contém 12 Lições, todas focando os descritores da Língua Portuguesa. 




LIÇÃO 1
TEXTO I                                               
A assembleia dos ratos

                 Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa
velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
               Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o
estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
               — Acho – disse um deles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe
atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
                Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com
delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
              — Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
              Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo.
              Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
              Dizer é fácil - fazer é que são elas!
(LOBATO, Monteiro). In Livro das Virtudes – William J. Bennett – Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 308.)

01. Na assembleia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi
(A)  aprovado com um voto contrário.
(B)  aprovado pela metade dos participantes.
(C)  negado por toda a assembleia.
(D)  negado pela maioria dos presentes.

TEXTO II
O Pavão

             E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um
luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d´água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
            Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes
com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é
a simplicidade.
           Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120)

02. No 2º parágrafo do texto, a expressão ATINGIR O MÁXIMO DE MATIZESsignifica o artista
(A)  fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
(B)  conseguir o maior número de tonalidades.
(C)  fazer com que o pavão ostente suas cores.
(D)  fragmentar a luz nas bolhas d’água.

TEXTO III
O IMPÉRIO DA VAIDADE

              Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.
             O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça - a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada -, e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com os amigos, tomar uma caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição, da áspera luta pela vida - isso é prazer.
             Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.
               Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis - mas porque, se não ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa angústia.
                O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo.
(LEITE, Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. 1995. p. 79.)

03. O autor pretende influenciar os leitores para que eles
(A)  evitem todos os prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
(B)  excluam de sua vida todas as atividade incentivadas pela mídia.
(C)  fiquem mais em casa e voltem a fazer os programas de antigamente.
(D)  sejam mais críticos em relação ao incentivo do consumo pela mídia.

TEXTO IV
A PARANOIA DO CORPO

              Em geral, a melhor maneira de resolver a insatisfação com o físico é cuidar da parte emocional.
LETÍCIA DE CASTRO
             Não é fácil parecer com Katie Holmes, a musa do seriado preferido dos teens, Dawson's Creek ou com os galãs musculosos do seriado Malhação. Mas os jovens bem que tentam. Nunca se cuidou tanto do corpo nessa faixa etária como hoje. A Runner, uma grande rede de academias de ginástica, com  23000 alunos espalhados em nove
unidades na cidade de São Paulo, viu o público adolescente crescer mais que o adulto
nos últimos cinco anos. “Acho que a academia é para os jovens de hoje o que foi a
discoteca para a geração dos anos 70”, acredita José Otávio Marfará, sócio de outra
academia paulistana, a Reebok Sports Club. "É o lugar de confraternização, de diversão."
             É saudável preocupar-se com o físico. Na adolescência, no entanto, essa
preocupação costuma ser excessiva. É a chamada paranoia do corpo. Alguns exemplos.
Nunca houve uma oferta tão grande de produtos de beleza destinados a adolescentes.
Hoje em dia é possível resolver a maior parte dos problemas de estrias, celulite e
espinhas com a ajuda da ciência. Por isso, a tentação de exagerar nos medicamentos é
grande. "A garota tem a mania de recorrer aos remédios que os amigos estão usando, e
muitas vezes eles não são indicados para seu tipo de pele”, diz a dermatologista Iara
Yoshinaga, de São Paulo, que atende adolescentes em seu consultório. São cada vez
mais frequentes os casos de meninas que procuram um cirurgião plástico em busca da
solução de problemas que poderiam ser resolvidos facilmente com ginástica, cremes ou
mesmo com o crescimento normal. Nunca houve também tantos casos de anorexia e
bulimia. "Há dez anos essas doenças eram consideradas raríssimas. Hoje constituem
quase um caso de saúde pública”, avalia o psiquiatra Táki Cordás, da Universidade de
São Paulo.
              É claro que existem variedades de calvície, obesidade ou doenças de pele que
realmente precisam de tratamento continuado. Na maioria das vezes, no entanto, a
paranoia do corpo é apenas isso: paranoia. Para curá-la, a melhor maneira é tratar da
mente. Nesse processo, a autoestima é fundamental. “É preciso fazer uma análise
objetiva e descobrir seus pontos fortes. Todo mundo tem uma parte do corpo que acha
mais bonita”, sugere a psicóloga paulista Ceres Alves de Araújo, especialista em
crescimento. Um dia, o teen acorda e percebe que aqueles problemas físicos que
pareciam insolúveis desapareceram como num passe de mágica. Em geral, não foi o
corpo que mudou. Foi a cabeça. Quando começa a se aceitar e resolve as questões
emocionais básicas, o adolescente dá o primeiro passo para se tornar um adulto.
(CASTRO, Letícia de. Veja Jovens. Setembro/2001 p. 56.)

04. A ideia CENTRAL do texto é
(A)  a preocupação do jovem com o físico.
(B)  as doenças raras que atacam os jovens.
(C)  os diversos produtos de beleza para jovens.
(D)  o uso exagerado de remédios pelos jovens.

TEXTO V
No mundo dos sinais

Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos.
Mulungus e aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem
flores, sem frutos.
              Sinais de seca brava, terrível!
              Clareia o dia. O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o
gado.
                Toque de saída. Toque de estrada.
                Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem.
 (TV Cultura, Jornal do Telecurso.)
 
05. A opinião do autor em relação ao fato comentado está em
(A)  “os mandacarus se erguem”
(B)  “aroeiras expõem seus galhos”
(C)  “Sinais de seca brava, terrível!!”
(D)  “Toque de saída. Toque de entrada”.

TEXTO VI

O CARACOL INVEJOSO

                  O caracolzinho sentia-se muito infeliz. Via que quase todos os animais eram mais ágeis do que ele. Uns brincavam, outros saltavam. E ele aborrecia-se debaixo do peso de sua carapaça!
 __ Vê-se que meu destino é ir devagarinho, sofrendo todos os males! Dizia ele, bastante frustrado. Seus amigos e familiares tentavam consolá-lo, mas nada conseguiam.
              __ Caracolino, pense que, se a Natureza lhe deu essa carapaça, para alguma coisa foi, disse-lhe a tartaruga, que se encontrava em situação semelhante à dele.
              __ Sim, claro, para alguma coisa será! Pode explicar-me a razão? Perguntava Caracolino, ainda mais chateado por receber tantos conselhos.
              Caracolino tornou-se tão insuportável por suas reclamações, que todos o abandonaram. E ele continuava com sua carapaça às costas, cada vez mais pesada para o seu gosto.
              Um dia, desabou uma tempestade. Choveu durante muitos dias. Parecia um dilúvio! As águas subiram, inundando tudo. Muitos dos animaizinhos que ele invejara, encontravam-se agora em grandes dificuldades. Caracolino, porém, encontrou um refúgio seguro. Dentro de sua carapaça estava totalmente protegido! Desde então, compreendeu a utilidade de sua lenta e pesada carapaça. Deixou de protestar, tornando-se um animalzinho simpático e querido por todos.
(Autor Desconhecido)
06. A infelicidade do Caracolzinho se dava devido
        (A) ver que todos os outros animais eram mais ágeis do que ele.
       (B) o peso de sua carapaça.
       (C) a forma como ele andava.
       (D) não poder tirar sua carapaça de suas costas.

TEXTO VII
As enchentes de minha infância

            Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
            Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara à enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
            Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.
(Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana. 3. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1962. P. 157)

07. A expressão que revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa casa” (l. 10), é
(A) “Às vezes chegava alguém...”
(B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”
(C) “e se tomava café tarde da noite!”
(D) “Isso para nós era uma festa...”

TEXTO VIII
Esse trânsito que maltrata

Fumaça, fuligem, ruído de motores, tédio, cansaço, carros e ônibus que andam lentamente: assim é o trânsito nas cidades grandes. Principalmente nas primeiras horas da manhã, quando as pessoas se dirigem ao seu local de trabalho e, no fim da tarde, quando dele estão voltando.
           Além do tempo perdido, do gasto excessivo de combustível e do aumento da poluição, esse trânsito maltrata as pessoas: a ansiedade de chegar logo acusa acidez no estômago; ficar sentado muito tempo causa dores nas articulações; inalar poluentes dá sonolência, dor de cabeça e problemas respiratórios.
           Todos são prejudicados: os que estão confortáveis em seus automóveis e, mais ainda, os que estão espremidos nos ônibus. E o principal responsável por esse sofrimento são os automóveis que ocupam as ruas e avenidas das cidades.
           Para acomodar o crescente número de automóveis, casas são demolidas, ruas são alargadas, avenidas e viadutos são construídos, e os estacionamentos invadem praças e parques, com a derrubada de árvores centenárias e monumentos históricos. Vale tudo para dar passagem a esse deus dos tempos modernos.
           Apesar de causarem tantos transtornos, os automóveis carregam menor número de pessoas que os transportes coletivos. Cada automóvel costuma circular com uma ou duas pessoas, enquanto um ônibus transporta, nas horas de movimento, até oitenta passageiros em cada viagem.
           Os ônibus são o melhor transporte para as cidades, e dele depende a maioria da população. Apesar disso, as linhas são insuficientes, são mal conservadas e os motoristas, mal pagos. O pior é que o preço das passagens consome boa parte do salário dos trabalhadores.
(Rocicler Martins Rodrigues. Cidades brasileiras : o passado e o presente. São Paulo : Martins Fontes, 1992, p. 64.) (Fragmento adaptado).

08.  O objetivo global do autor com o texto foi:
(A) apontar as principais consequências da poluição urbana.
(B) comentar os efeitos do trânsito nas grandes cidades.
(C) ressaltar os prejuízos de quem apenas dispõe do transporte coletivo.
(D) indicar os males físicos decorrentes do excessivo trânsito de carros.

 09.  O segundo parágrafo começa com a expressão ''Além do tempo   perdido''. Com essa expressão o autor pretendeu:
(A) fazer uma ressalva.                              (C) indicar um acréscimo.
                 (B) contrastar opiniões.                             (D) introduzir uma concessão.

           10. A expressão 'inalar poluentes' mantém o seu significado em:
(A) aspirar poluentes.
(B) ingerir poluentes.
(C) expirar poluentes.
(D) lançar poluentes.

                 11.  Em relação às grandes cidades, o texto é visivelmente a favor:
(A)    do crescente número de automóveis.
(B) do alargamento de ruas e avenidas.
(C) de novos viadutos e estacionamentos.
(D) dos meios de transporte coletivos.

 12. Pela compreensão do texto, pode-se concluir que, para o autor, ''o deus dos tempos modernos'' é o:
(A) combustível.                                           (C) automóvel.
(B) ônibus.                                                    (D) motorista.

 13. No trecho ''Para acomodar o crescente número de automóveis'', o termo destacado expressa uma ideia de:
(A) finalidade.
(B) concessão.
(C) condição.
(D) adição.

 14. O trecho: ''O pior é que o preço das passagens consome boa parte do salário dos trabalhadores.'' implica dizer que:
(A) o preço das passagens é pior que os salários dos trabalhadores.
(B) quase todo o salário dos trabalhadores é gasto com transporte.
(C) os assalariados ganham o que consomem fora de casa.
(D) o pior dos trabalhadores paga com seus baixos salários o transporte que
              usa.

  15. Há uma relação de causa e consequência expressa na alternativa:
(A) O trânsito nas grandes cidades é pior nas primeiras horas da manhã.
(B) Há muitos transtornos físicos provocados pelo trânsito das grandes
             cidades. 
(C) Cada automóvel costuma circular com uma ou duas pessoas.
(D) As linhas de ônibus são insuficientes e mal conservadas.

  16. O autor no final do texto, termina, expressando-se de forma
(A)   séria.
(B)  crítica.
(C)  reflexiva.
(D) engraçada.


  
LIÇÃO 2
O suor e a lágrima
Carlos Heitor Cony

Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase 41. No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão que inaugura o século e o milênio. Cheguei ao Santos Dumont, o voo estava atrasado, decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio, são raros esses engraxates, só existem nos aeroportos e em poucos lugares avulsos.
            Sentei-me naquela espécie de cadeira canônica, de coro de abadia pobre, que também pode parecer o trono de um rei desolado de um reino desolante.
 
            O engraxate era gordo e estava com calor — o que me pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos, cromo italiano, fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o pouco, em parte para poupá-lo, em parte porque quando posso estou sempre de tênis.
            Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e a calva. Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante.
            Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo instante o usava para enxugar-se — caso contrário, o suor inundaria o meu cromo italiano.
             E foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo ficaram manchadas de graxa e o meu sapato adquiriu um brilho de espelho à custa do suor alheio. Nunca tive sapatos tão brilhantes, tão dignamente suados.
             Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo o que eu viesse a precisar nos restos dos meus dias.
             Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano, salgado como lágrima.
O texto acima foi publicado no jornal “Folha de São Paulo”, edição de 19/02/2001, e faz parte do livro “Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha”, Publifolhas – São Paulo, 2001, pág. 319, organização de Arthur Nestrovski.

COMPREENDENDO O TEXTO
Responda as questões de 1 a 5, consultando o texto.

01.   As palavras que compõem o título – O suor e a lágrima – são usadas fora de seu campo de significação próprio, adquirindo, no texto, significação figurada. De acordo com texto, quais as possíveis interpretações para o sentido figurado observado, respectivamente, nas palavras suor e lágrima?

02.   Na composição da narrativa, certos elementos linguísticos explicitam circunstâncias diversas, imprimindo coerência ao texto. Que fragmento do texto é esse? E qual a circunstância que ele expressa?

03.   A tomada de consciência do personagem-narrador acerca dos abismos sociais vai-se aguçando gradativamente a partir de certo ponto da narrativa. Que trecho do texto contém os primeiros sinais dessa tomada de consciência que estão adequadamente representados por um processo de adjetivação?

04.   As comparações, ao destacarem semelhanças e diferenças entre elementos colocados lado a lado, funcionam como estratégias por meio das quais se ressaltam determinados pontos de vista. Que fragmento do texto indica uma comparação? E que parágrafo está?

05.   A crônica de Carlos Heitor Cony é uma crítica à hierarquia econômico-social que prevalece em nossa sociedade. Qual é o fragmento do texto que apresenta o ponto de vista do narrador sobre essa hierarquia? Lembre-se que ele está exemplificado por meio de uma metáfora.

LIÇÃO 3
Observe a charge.

      01.  É correto afirmar que a charge visa
(A) Apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação geral da frequência às aulas.
(B)  Criticar a situação atual do ensino e denunciar a evasão escolar.
(C)  Enaltecer a escola brasileira e homenagear o trabalho docente.
(D) Recriminar os alunos e declarar apoio à política educacional.

Leia a charge.

      02.  No contexto apresentado, o personagem expressa-se informalmente. Se sua frase fosse proferida em norma padrão da língua, assumiria a seguinte redação
(A) Fazemos o seguinte: a gente ressuscita o Bin Laden e lhe matamos de novo.
(B)  A gente faz o seguinte: ressuscita o Bin Laden e lhe mata de novo.
(C)  Façamos o seguinte: nós ressuscitamos o Bin Laden e o matamos de novo.
(D) Façamos o seguinte: a gente ressuscitamos o Bin Laden e matamos de novo.

Leia a seguinte charge.

      03.  Qual é o assunto tratado nessa charge?

Leia o texto e depois responda as questões de 5 a 6.

      04.  Qual é o título do texto?
      05.  Qual é a polêmica mostrada no mapa com relação à fauna brasileira?
      06.  Qual é a finalidade deste texto?


LIÇÃO 4
Retrato de Velho

Tem horror a criança. Solenemente, faz queixa do bisneto, que lhe sumiu com a palha de cigarro, para vingar-se de seus ralhos intempestivos. Menino é bicho ruim, comenta. Ao chegar a avô, era terno e até meloso, mas a idade o torna coriáceo.
No trocar de roupa, atira no chão as peças usadas. Alguém as recolhe à cesta, para lavar. Ele suspeita que pretendem subtraí-las, vai à cesta, vasculha, retira o que é seu, lava-o, passa-o. Mal, naturalmente.
– Da próxima vez que ele vier, diz a nora, terei de fechar o registro, para evitar que ele desperdice água.
Espanta-se com os direitos concedidos às empregadas. Onde já se viu? Isso aqui é o paraíso das criadas. A patroa acorda cedo para despertar a cozinheira. Ele se levanta mais cedo ainda, e vai acordar a dona de casa:
– Acorda, sua mandriona, o dia já clareou!
As empregadas reagem contra a tirania, despedem-se. E sem empregadas, sua presença ainda é mais terrível.
As netas adolescentes recebem amigos. Um deles, o pintor, foi acometido de mal súbito e teve de deitar-se na cama de uma das garotas. Indignação: Que pouca-vergonha é essa? Esse bandalho aí conspurcando o leito de uma virgem? Ou quem sabe se nem é mais virgem?
– Vovô, o senhor é um monstro!
E é um custo impedir que ele escaramuce o doente para fora de casa.
– A senhora deixa suas filhas irem ao baile sozinhas com rapazes? Diga, a
senhor deixa?
– Não vão sozinhas, vão com os rapazes.
– Pior ainda! Muito pior! A obrigação dos pais é acompanhar as filhas a tudo
quanto é festa.
– Papai, a gente nem pode entrar lá com as meninas. É coisa de brotos.
– É, não é? Pois me dá depressa o chapéu para eu ir lá dizer poucas e boas!
Não se sabe o que fazer dele. Que fim se pode dar a velhos implicantes? O jeito é guardá-lo por três meses e deixá-lo ir para outra casa, brigado. Mais três meses, e nova mudança, nas mesmas condições. O velho é duro:
– Vocês me deixam esbodegado, vocês são insuportáveis! – queixa-se ao sair. Mas volta.
– Descobri que paciência é uma forma de amor – diz-me uma das filhas, sorrindo.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Retrato de velho. In A bolsa & a vida. Rio de Janeiro, 1962. p. 207-209. Gênero: Crônica.)

      01.  Depois de ter lido a crônica de Carlos Drummond de Andrade, agora é sua vez de fazer o resumo.  Resumir é conter o essencial em cada parágrafo, retirando aquelas palavras desnecessárias ao contexto do texto.

LIÇÃO 5
Leia o texto, e em seguida responda as questões de 1 a 10.

                                                      Química da Digestão

            Para viver, entre outras coisas, precisamos de energia. Como não podemos tirar energia da luz do sol para viver, como os vegetais, essa energia usada pelo nosso organismo vem das reações químicas que acontecem nas nossas células.
           Podemos nos comparar a uma fábrica que funciona 24 horas por dia. Vivemos fazendo e refazendo os materiais de nossas células. Quando andamos, cantamos, pensamos, trabalhamos ou brincamos, estamos consumindo energia química gerada pelo nosso próprio organismo. E o nosso combustível vem dos alimentos que comemos.
           No motor do carro, por exemplo, a gasolina ou o álcool misturam-se com o ar, produzindo uma combustão, que é uma reação química entre o combustível e o oxigênio do ar. Do mesmo modo, nas células do nosso organismo, os alimentos reagem com o oxigênio para produzir energia. No nosso corpo, os organismos são transformados nos seus componentes mais simples, equivalentes à gasolina ou ao álcool, e, portanto, mais fáceis de queimar.
             O processo se faz através de um grande número de reações químicas que começam a se produzir na boca, seguem no estômago e acabam nos intestinos. As substâncias presentes nesses alimentos são decompostas pelos fermentos digestivos e se transformam em substâncias orgânicas mais simples. Daí esses componentes são transportados pelo sangue até as células. Tudo isso também consome energia.
            A energia necessária para todas essas transformações é produzida pela reação química entre esses componentes mais simples, que são o nosso combustível e o oxigênio do ar. Essa é uma verdadeira combustão, mas uma combustão sem chamas, que se faz dentro de pequenas formações que existem nas células, as mitocôndrias, que são nossas verdadeiras usinas de energia.

01 - O texto afirma que o nosso corpo pode ser comparado a uma fábrica porque

(a) reage quimicamente pela combustão.
(b) move-se a base de gasolina ou álcool.
(c) produz energia a partir dos alimentos.
(d) utiliza oxigênio como combustível.

02 - “Tudo isso também consome energia” (4º parágrafo ). No trecho, a expressão em    destaque se refere a

(a) fermentos digestivos..
(b) combustíveis.
(c) reações químicas.
(d) usinas de energia.

03 – Depois de processadas pelos fermentos digestivos, as substâncias são levadas para

(a) a boca.
(b) as células.
(c) o estômago.
(d) os intestinos.

04 - As mitocôndrias são essenciais para o funcionamento do nosso corpo porque são   responsáveis por

(a) digerir os alimentos.
(b) produzir energia.
(c) renovar as células.
(d) transportar o oxigênio.

05 - Este texto pode ser considerado um artigo de divulgação científica porque apresenta:
(a) explicação detalhada sobre um acontecimento recente.
(b) expressões coloquiais para exemplificar o processo da digestão.
(c) linguagem figurada para descrever o processo de combustão.
(d) uma explicação muito complexa.

06 – O texto trata
(a) da constituição do aparelho digestivo.
(b) da digestão como fonte de energia.
c) dos cuidados para uma boa alimentação.
d) dos elementos que compõem o corpo humano.

07 - O verbo da oração: ”Os pesquisadores orientarão os alunos.” terá, na voz passiva, a forma:
(a) haverão de orientar.
(b) haviam orientado.
(c) orientaram-se.
(d) serão orientados.

08 - Indique a alternativa cujo termo destacado é agente da passiva.
(a) Os cupins resolvem complicados problemas de ventilação.
(b) Algumas doenças são causadas pelos insetos.
(c) Alguns insetos cortam e mastigam sua comida.
(d) As formigas trabalham todo o tempo.

09 - Leia a oração: “ Divulgou-se muito, na época, a manifestação dos caras-pintadas”.
Em que voz se encontra o verbo da oração?
(a) Passiva sintética.
(b) Passiva analítica.
(c) Ativa.
(d) reflexiva.

10 - Assinale a alternativa CORRETA com relação à concordância verbal.
(a) Quais de vocês cometeu o maior pecado?
(b) Fui eu que pagou as despesas.
(c) Falta três segundos para o término da partida.
(d) Ela ficou meio confusa ao ouvir a notícia.



LIÇÃO 6

SER BROTINHO


Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado: é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.
Ser brotinho é não usar pintura alguma, às vezes, e ficar de cara lambida, os cabelos desarrumados como se ventasse forte, o corpo todo apagado dentro de um vestido tão de propósito sem graça, mas lançando fogo pelos olhos. Ser brotinho é lançar fogo pelos olhos.
É viver a tarde inteira, em uma atitude esquemática, a contemplar o teto, só para poder contar depois que ficou a tarde inteira olhando para cima, sem pensar em nada. É passar um dia todo descalça no apartamento da amiga comendo comida de lata e cortar o dedo. Ser brotinho é ainda possuir vitrola própria e perambular pelas ruas do bairro com um ar sonso-vagaroso, abraçada a uma porção de elepês coloridos. É dizer a palavra feia precisamente no instante em que essa palavra se faz imprescindível e tão inteligente e superior. É também falar legal e bárbaro com um timbre tão por cima das vãs agitações humanas, uma inflexão tão certa de que tudo neste mundo passa depressa e não tem a menor importância.
Ser brotinho é poder usar óculos enormes como se fosse uma decoração, um adjetivo para o rosto e para o espírito. É esvaziar o sentido das coisas que os coroas levam a sério, mas é também dar sentido de repente ao vácuo absoluto. Aguardar na paciente geladeira o momento exato de ir à forra da falsa amiga. É ter a bolsa cheia de pedacinhos de papel, recados que os anacolutos tornam misteriosos, anotações criptográficas sobre o tributo da natureza feminina, uma cédula de dois cruzeiros com uma sentença hermética escrita a batom, toda uma biografia esparsa que pode ser atirada de súbito ao vento que passa. Ser brotinho é a inclinação do momento.
É telefonar muito, demais, revirando-se no chão como dançarina no deserto estendida no chão. É querer ser rapaz de vez em quando só para vaguear sozinha de madrugada pelas ruas da cidade. Achar muito bonito um homem muito feio; achar tão simpática uma senhora tão antipática. É fumar quase um maço de cigarros na sacada do apartamento, pensando coisas brancas, pretas, vermelhas, amarelas.
Ser brotinho é comparar o amigo do pai a um pincel de barba, e a gente vai ver está certo: o amigo do pai parece um pincel de barba. É sentir uma vontade doida de tomar banho de mar de noite e sem roupa, completamente. É ficar eufórica à vista de uma cascata. Falar inglês sem saber verbos irregulares. É ter comprado na feira um vestidinho gozado e bacanérrimo.
É ainda ser brotinho chegar em casa ensopada de chuva, úmida camélia, e dizer para a mãe que veio andando devagar para molhar-se mais. É ter saído um dia com uma rosa vermelha na mão, e todo mundo pensou com piedade que ela era uma louca varrida. É ir sempre ao cinema, mas com um jeito de quem não espera mais nada desta vida. É ter uma vez bebido dois gins, quatro uísques, cinco taças de champanha e uma de cinzano sem sentir nada, mas ter outra vez bebido só um cálice de vinho do Porto e ter dado um vexame modelo grande. É o dom de falar sobre futebol e política como se o presente fosse passado, e vice-versa.
Ser brotinho é atravessar de ponta a ponta o salão da festa com uma indiferença mortal pelas mulheres presentes e ausentes. Ter estudado ballet e desistido, apesar de tantos telefonemas de Madame Saint-Quentin. Ter trazido para casa um gatinho magro que miava de fome e ter aberto uma lata de salmão para o coitado. Mas o bichinho comeu o salmão e morreu. É ficar pasmada no escuro da varanda sem contar para ninguém a miserável traição. Amanhecer chorando, anoitecer dançando. É manter o ritmo na melodia dissonante. Usar o mais caro perfume de blusa grossa e blue-jeans. Ter horror de gente morta, ladrão dentro de casa, fantasmas e baratas. Ter compaixão de um só mendigo entre todos os outros mendigos da Terra. Permanecer apaixonada a eternidade de um mês por um violinista estrangeiro de quinta ordem. Eventualmente, ser brotinho é como se não fosse, sentindo-se quase a cair do galho, de tão amadurecida em todo o seu ser. É fazer marcação cerrada sobre a presunção incomensurável dos homens. Tomar uma pose, ora de soneto moderno, ora de minueto, sem que se dissipe a unidade essencial. É policiar parentes, amigos, mestres e mestras com um ar songamonga de quem nada vê, nada ouve, nada fala.
Ser brotinho é adorar. Adorar o impossível. Ser brotinho é detestar. Detestar o possível. É acordar ao meio-dia com uma cara horrível, comer somente e lentamente uma fruta meio verde, e ficar de pijama telefonando até a hora do jantar, e não jantar, e ir devorar um sanduíche americano na esquina, tão estranha é a vida sobre a Terra.
(Ser brotinho – Paulo Mendes Campos - O cego de Ipanema. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960).

Agora analise a crônica acima

Título e autor
Época e palavras daquele tempo

Tema ou assunto

Personagem (ns)

Tom











LIÇÃO 7
Leia o poema.

Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser “
gauche” na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)

01.  Identifique e grife em cada estrofe do poema uma figura de linguagem. Depois classifique quanto ao número semântico.

02.  Identifique em cada trecho o tipo de figura de linguagem e escreva seu nome embaixo.
a)      “Ah! Cidade maliciosa
de olhos de ressaca
que das índias guardou a vontade de andar nua.”
(Ferreira Gullar)

b)      “Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.”                
(Carlos Drummond de Andrade)

c)      Cada vez que você interrompe o colega,
sem pedir licença, percebo como é bem-educado.

d)     Na época de festas juninas,
Sempre morro de medo dos fogos de artifício.

e)      O prisioneiro preferiu retirar-se da vida
a confessar um crime que não cometera.

f)       O cheiro doce e verde do capim
Trazia recordações da fazenda,
para onde nunca mais retornou.
(cheiro – sensação olfativa; doce – sensação gustativa; verde – sensação visual)

g)      Não me lembro do seu nome mas ainda
Vejo as suas eternas maçãs do rosto avermelhadas.

h)      “E há poetas que são artistas
e trabalham nos versos
como um carpinteiro nas tábuas!...”
(Alberto Caeiro)

FIGURAS DE LINGUAGEM
(Grupo Semântico)

Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, além de auxiliar a compreender melhor os textos literários, deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos.

Definição: Figuras de linguagem são certos recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.
1) Antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem  pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”

2) Ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

3) Eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

4) Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

5) Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
6) Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

7) Metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

8) Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.

9) Sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
10) Comparação: Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.
Exemplo: O meu coração está igual a um céu cinzento. O carro dele é rápido como um avião.

LIÇÃO 8

O texto que vamos ler em seguida é do jornalista Luís Lobo e tem como título “Nossas Cidades”.
Podemos dizer que este texto é informativo, pois nos traz informações relevantes sobre: o processo respiratório; problemas respiratórios causados pela poluição e transtornos causados ao homem devido à poluição sonora – excesso de barulho.
Também pode ser considerado um texto de opinião crítica, pois faz comparações dos seres humanos com animais.

Nossas Cidades

Enjaulados, enquanto não fizermos desse zoológico um jardim mais verde, mais limpo, mais saudável, menos neurótico, a única solução é sairmos de vez em quando para respirar ar puro, beber água de verdade, ouvir o silêncio, sentir os cheiros da vida e reconquistar a tranquilidade perdida.
Você, por exemplo, respira de 20 mil a 30 mil vezes por dia, inspirando de cada vez mais ou menos meio litro de ar. Cerca de 30% desse ar enche 350 milhões de minúsculos compartimentos no pulmão, onde o sangue troca o venenoso dióxido de carbono por oxigênio, sem o qual a vida é impossível. Nas grandes cidades, o ar contém centenas de toxinas que prejudicam o desenvolvimento normal das células. Os gases que escapam dos veículos a gasolina, por exemplo, impedem a perfeita oxigenação do sangue e provocam alergias, doenças do coração e câncer. O monóxido de carbono é assimilado pelos glóbulos vermelhos 200 vezes mais depressa que o oxigênio. E o chumbo, derivado do tetraetileno de chumbo, é prejudicial acima de 100 milionésimos de grama por metro cúbico de ar, concentração que já existe em qualquer cidade de tamanho médio no Brasil.
Nossas cidades não são uma selva de asfalto e concreto; são enormes zoológicos humanos, onde vivemos em condições que não são naturais para a nossa espécie e onde corremos perigo também de enlouquecer de tensão, de adoecermos de civilização, pelo nariz, pela boca, pelos ouvidos.
É a água que bebemos? Os rios, principal fonte de água potável, são usados como canais de esgoto e despejo. A vida animal, na maior parte dos rios que abastecem as grandes cidades, já não existe, porque a vida é impossível, não está para peixe. Esse líquido clorado, recuperado, da nossa era higiênica tem pouca coisa a ver com a água potável, de nascente, digna de peixe e de homem. Estações de tratamento, filtros, toda a química disponível não consegue esconder que estamos bebendo um líquido que supre as nossas necessidades vitais, mas que é chamado água apenas por hábito.
Dor de cabeça, fadiga excessiva, nervosismo, distúrbios de equilíbrio, afecções cardíacas e vasculares, anemias, úlceras de estômago, distúrbios gastrintestinais, neuroses, distúrbios glandulares, curtos-circuitos nervosos, tudo isso pode ser provocado pelo barulho das grandes cidades. E nem é preciso que seja barulho excessivo, porque, na maior parte das vezes, ele já é incomodo e contínuo.
Além disso, estamos ficando surdos. Em cada cem cariocas (ou paulistas, ou gaúchos), dez têm problemas de audição e cinco foram vítimas da poluição sonora. Hoje em dia há duas vezes mais pessoas surdas do que há dez anos, e a gente da cidade só ouve a partir de 36 decibéis, 10 na melhor hipótese, enquanto o homem do campo ouve ruídos de até 1 decibel.
(LOBO, L. Turismo em foco. Ano IV, n. 19. p.19)

VOCABULÁRIO
Afecção – doença.
Anemia – diminuição de hemoglobina do sangue, fraqueza, debilidade.
Decibel – unidade de medida da intensidade do som.
Dióxido de carbono – substância tóxica derivada do carbono.
Inspirar – fazer o ar entrar nos pulmões; oferecer uma base, um fundamento; criar disposição para determinada ação.
Monóxido de carbono – substância tóxica derivada do carbono.
Tensão – corrente elétrica; esticamento; rigidez; estado de ansiedade ou angústia, estresse.
Tetraetileno de chumbo – substância tóxica derivada do chumbo.
Toxina – substância tóxica segregada por seres vivos.

Ampliando o Conhecimento

01. O texto “Nossas cidades” apresenta os parágrafos desordenados, isto é, fora da ordem em que foram escritos pelo jornalista Luís Lobo. Recorte os parágrafos e ordene-os, de forma que o texto tenha sentido.


2) Algumas palavras desse texto são polissêmicas, isto é: podem ter significados diferentes, conforme o contexto. Por exemplo: tensão e inspirar.

a) Indique o significado da palavra tensão, em cada uma das frases seguintes. Em seguida reescreva a frase utilizando o significado indicado. Não se esqueça de fazer as alterações necessárias!
·         O pessoal estava em silêncio, mas a tensão era evidente: alguma coisa estava por acontecer.
·         O funcionário da empresa morreu há pouco, eletrocutado por um cabo de alta tensão.
·         A tensão da corda era tal, que se romperia ao menor esforço.

b) Faça como no item anterior, porém a palavra a ser trabalhada é inspirar.
·         A novela foi inspirada no livro de Rubens Fonseca.
·         Nossa respiração tem dois movimentos: inspirar e expirar.
·          Pouca coisa o inspira, nesta etapa da vida.

3) O uso do parágrafo. A maioria dos textos é estruturado em parágrafos. Você sabe o que são parágrafos? E qual a sua função em um texto? Os parágrafos dividem o texto em partes e servem para organizá-lo, mostrando a mudança de assunto dentro do mesmo. Cada parágrafo começa afastado da margem, é iniciado com letra maiúscula, termina com um sinal de pontuação adequado para o tipo de frase que foi escrita. Agora que você já sabe o que é um parágrafo, indique abaixo a ideia central de cada um deles.
a) 1º parágrafo:
b) 2º parágrafo:
c) 3º parágrafo:
d) 4º parágrafo:
e) 5º parágrafo:
f) 6º parágrafo:

4) Depois de lido o texto “Nossas cidades” podemos dizer que a região onde moramos – Jijoca de Jericoacoara – assemelha-se as cidades descritas no texto? Justifique sua resposta.

5) O autor prefere definir as nossas cidades como “zoológicos humanos”, e não como “selva de asfalto e concreto”. O que você acha que querem dizer as expressões “zoológicos humanos” e “selva de asfalto e concreto”?

6) Na questão anterior o autor usou aspas nas expressões: “zoológicos humanos” e “selva de asfalto e concreto”, explique o porquê do uso deste sinal de pontuação. Porém, para isso, leia com atenção a regra a seguir.

ASPAS: são usadas no início e no final de citações; para destacar palavras estrangeiras e gírias; para indicar a fala de pessoas, de personagens; ou ainda em palavras para destacar o seu sentido usado fora do habitual, normal.

LIÇÃO 9
PRODUÇÃO DE TEXTO

01. Com base no texto “Nossas Cidades” de Luís Lobo que você leu. Faça um texto que convença o leitor sobre a importância da preservação ambiental.


LIÇÃO 10
COMO O REI DE UM PAÍS CHUVOSO

Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio. Ele se manifesta de diversas maneiras. Algumas de suas vítimas invadem o “shopping center” e, empunhando um cartão de crédito, comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos. A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a “reality shows”, os quais, por razões que me escapam, tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.
O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio. Crianças sempre foram capazes de se divertir umas com as outras ou até sozinhas. Dotadas de cérebros que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente, qualquer um, no qual tudo é novo, tudo é infinito, nunca lhes faltam informação e dados a processar. Elas não precisam ser entretidas pelos adultos, pois o que quer que estes façam ou deixem de fazer lhes desperta, por definição, a curiosidade natural e aguça seus instintos analíticos. E, todavia, os pais se veem cada vez mais compelidos a inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, um conceito que, na minha infância, não existia. É a ideia de que, se a família os ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.
Sendo assim, os pais, simplesmente, não deixam os filhos pararem. Se o mal em si nada tem de original e, ao que tudo indica, surgiu, assim como o medo, o nojo e a raiva, junto com nossa espécie ou, quem sabe, antes, também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias para sofrer dele. Falamos do homem cujas refeições da semana dependiam do que conseguiria caçar na segunda-feira, antes de, na terça, estar fraco o bastante para se converter em caça e de uma mulher que, de sol a sol, trabalhava com a enxada ou o pilão. Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e sistemático para se manifestar em grande escala. Ninguém lhe oferecia facilidades. Por isso é que, até onde a memória coletiva alcança, o problema quase sempre se restringia ao topo da pirâmide social, a reis, nobres, magnatas, aos membros privilegiados de sociedades que, organizadas e avançadas, transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de pouquíssimos eleitos.
O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para, há século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso, como se experimentar delicadeza tão refinada elevasse socialmente quem não passava de “aristocrata de espírito”.
Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mínima. E, se houve um produto que se difundiu com sucesso notável pelos mais inesperados andares e cantos do edifício social, esse produto foi o tédio. Nem se requer uma fartura de Primeiro Mundo para se chegar à sua massificação. Basta, a rigor, que à satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento de outras possibilidades (como, inclusive, a da fuga ou da emigração), para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. Foi assim que, após as emoções fornecidas por Stalin e Hitler, os países socialistas se revelaram exímios fabricantes de tédio, único bem em cuja produção competiram à altura com seus rivais capitalistas. O tédio não é piada, nem um problema menor. Ele é central. Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas. Seja como for, nem esta nem soluções tradicionais (a alta cultura, a religião organizada) resolverão seus impasses. Que fazer com essa novidade histórica, as massas de crianças e jovens perpetuamente desempregados, funcionários, gente aposentada e cidadãos em geral ameaçados não pela fome, guerra ou epidemias, mas pelo tédio, algo que ainda ontem afetava apenas alguns monarcas?

ASCHER, Nélson, Folha de S. Paulo, 9 abr. 2007, Ilustrada. (Texto adaptado)

Responda as questões a seguir, consultando o texto.

“Como o rei de um país chuvoso”
01.  O título do texto contém, sobretudo,
                (A)   uma alusão à antítese entre a facilidade de provimento das necessidades materiais
e o vazio decorrente do ócio e da monotonia pela ausência de motivos por que
lutar.
                (B)   uma comparação que trata da dificuldade de convivência entre a opulência do
poder e a manipulação decorrente do consumismo exacerbado.
                (C)   uma metáfora relacionada à coabitação da angústia existencial contemporânea
com a busca de sentidos para a vida, especialmente entre os membros da aristocracia.
                (D)  uma referência ao conflito advindo da solidão do poder, especialmente no que se
refere ao desânimo oriundo da ausência de perspectivas para a vida em sociedade.
  
            02.  O texto NÃO menciona como causa para a presença do tédio na sociedade moderna

     (A) a ausência de atividades físicas compulsórias relacionadas com a sobrevivência.
(B) a facilidade de acesso aos bens que proveem as necessidades físicas primárias.
(C) a limitação da mobilidade física e privação de certas liberdades.
(D) a proliferação de empresas e de espaços de lazer e de consumo.

            03.   A alternativa em que o termo destacado NÃO está corretamente explicado entre
parênteses é:
                 (A)   “[...] aos membros privilegiados de sociedades que [...] transformavam a faina
abusiva da maioria no luxo de pouquíssimos eleitos.” (linhas 30-32) (A CARÊNCIA, A MISÉRIA)
                 (B)   “Basta [...] que à satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento
             de outras possibilidades [...]” (linhas 41-43) (A RESTRIÇÃO, A SUPRESSÃO)
          (C)  “[...] os países socialistas se revelaram exímios fabricantes do tédio[...]” (linhas     45-46) (EMINENTES, PERFEITOS)
          (D)  “Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio.” (linha 1) 
               (UM FANTASMA, UMA AMEAÇA)

      04.   “O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio.” (linhas 8-9) A expressão destacada pode ser substituída sem alteração significativa do sentido por:

(A) a uma ou duas gerações.
B) acerca de duas gerações.
C) há uma ou duas gerações.
D) por uma ou duas gerações.

       05.  “Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e  tantas fortunas decorrentes delas.” (linhas 47-49) Alterando-se os tempos verbais, haverá erro de coesão em:

             (A)   Não existindo o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de
entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.
            (B)   Se não existe o tédio, não terá havido, por exemplo, tantas empresas de
entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.
            (C)   Se não existir o tédio, não vai haver, por exemplo, tantas empresas de
entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.
            (D)  Se não tivesse existido o tédio, não teria havido, por exemplo, tantas empresas de
entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.

06.  A supressão da vírgula implica alteração do sentido em:

(A) “Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mínima.” (linhas 37-38)
Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que previamente eram raridades reservadas a uma elite mínima.
       (B) “Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e
sistemático [...]” (linhas 26-27) Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio que pressupõe ócio abundante e sistemático [...]
                  (C)   “O tédio não é piada, nem um problema menor.” (linha 47) O tédio não é piada nem um problema menor.
                 (D)  “[...] também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das
precondições necessárias [...]” (linhas 21-23) [...] também é verdade que por milênios somente uma minoria dispunha das precondições necessárias [...]

07. Leia o trecho abaixo da crônica “A Bola”, de Luís Fernando Veríssimo, e interprete:

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a primeira bola do pai. Um número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!” Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.

(A) O pai constatou que o presente estava com defeito.
(B) O pai constatou que o presente não despertou no filho a mesma satisfação que sentiu quando era criança e ganhou uma bola.
(C) De acordo com o texto, o filho sempre quis ganhar uma bola de futebol.
(D) O pai não soube ensinar o filho como usar o presente.


LIÇÃO 11
Nesta lição, serão focados os tipos de discurso.

Trecho I
“Maurício saudou, com silenciosa admiração, esta minha avisada malícia”. E imediatamente, para o meu Príncipe:
_Há três anos que não te vejo,  Jacinto... Como tem sido possível, neste Paris que é uma aldeola, e que tu atravancas?"
[EÇA DE QUEIRÓS, 'A Cidade e as Serras']

01. Transponha para o discurso indireto o excerto acima, fazendo as adaptações necessárias.
02.  Justifique, agrupando-as em dois blocos, as alterações realizadas.

Trecho II
"Ela insistiu:
- Me dá esse papel aí."

      03.  Na transposição da fala do personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é:
(A) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
(B) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
(C) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
(D) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.

Trecho III
"A fúria de Alexandre chegara ao auge, e ele disse que arrombaria a porta, que jamais o prenderiam ali."
(A ARMADILHA, Murilo Rubião.)

04.  Assinalar a alternativa que indica a melhor transformação do discurso indireto do texto em discurso direto:
(A) - Arrombarei a porta, jamais me prenderão aqui.
(B) - Arrombaria a porta, jamais me prenderiam aqui.
(C) - Arrombarei a porta se me prenderem aqui.
(D) - Arrombaria a porta se me prendessem ali.

Trecho IV
Tentei rir, para mostrar que não tinha nada. Nem por isso permitiu adiar a confidência, pegou em mim, levou-me ao quarto dela, acendeu vela, e ordenou-me que lhe dissesse tudo. Então eu perguntei-lhe, para principiar, quando é que ia para o seminário.
- Agora só para o ano, depois das férias.
(Machado de Assis, "Dom Casmurro")

05. Neste excerto, que narra um fato ocorrido entre Bentinho e sua mãe, observa-se o emprego do discurso direto e do discurso indireto.
a) Transcreva os trechos em que é empregado o discurso indireto.

b) Transponha esses trechos para o discurso direto, efetuando as necessárias adaptações.
   
Trecho V
Uma hora o Dito chamou Miguilim, queria ficar com Miguilim sozinho. Quase que ele não podia mais falar. -"Miguilim, e você não contou a estória da Cuca Pingo-de-Ouro... "-"Mas eu não posso, Dito, mesmo não posso! Eu gosto demais dela, estes dias todos..." COMO É QUE PODIA INVENTAR A ESTÓRIA? Miguilim soluçava.
(Guimarães Rosa)

06. A frase em destaque representa:
(A) uma mistura da voz do narrador com o pensamento do personagem, num  momento de extrema emoção.
(B) a fala do personagem Miguilim, explicando por que não entendia os próprios limites.
(C) a fala do personagem Dito, que gostava demais de uma certa narrativa fabulosa e, neste momento terminal, queria ouvi-Ia.
(D) a voz exclusiva do narrador, que se distancia da cena narrada, compungido pela dor dos personagens e solidário com ela.

Trecho VI
- O toca-discos foi a única coisa que eu consegui salvar quando me despejaram.

07. Transforme a fala abaixo em um discurso indireto. Para tal, imagine que há na cena um narrador que utiliza os verbos introdutórios de fala e faça as modificações que se tornem necessárias.

Trecho VII
Contendo-se para não dar um forte pontapé na poltrona da frente, ele enrolou o pulôver como uma bola e sentou-se em cima. Gemeu. Mas por que aquilo tudo? Por que a mãe lhe falava daquele jeito, por quê? Não fizera nada de mal, só queria mudar de lugar, só isso... não, desta vez ela não estava sendo nem um pouquinho camarada.

             08.   Transcreva a parte do texto estruturada sob forma de DISCURSO INDIRETO LIVRE.

09. O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:
(A) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
(B) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena.
(C) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade.
(D) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente.

Texto VIII
História estranha

        Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com  ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e…
        O homem aproxima-se   dele   mesmo.   Ajoelha-se, põe as mãos   nos   seus   ombros   e   olha   nos   seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no   peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não   encontra   o   que   dizer.   Apenas   abraça  a   si   mesmo,   longamente.   Depois   sai   caminhando, chorando, sem olhar para trás.
        O   garoto   fica   olhando   para   a   sua   figura   que   se   afasta.   Também se reconheceu.   E   fica   pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!
                                                     (Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola)

10. Localize no texto a passagem do discurso indireto livre. (grife com caneta ou lápis colorido).

LIÇÃO 12
Nesta lição, o foco será entorno da gramática.

01.   Identifique o sujeito nas orações, e em seguida os classifique.
a)    Desenhavam despreocupados os alunos.
b)   Despreocupados, os alunos e os professores pintavam.
c)    Não entendi a questão.
d)    Mandaram os acidentados para o hospital.
e)    Precisa-se de carpinteiros.
f)     Faz dias que o carteiro não aparece.

02.   Observe as orações: João e Carlos foram à cidade. Fizeram muitas compras.
Nesse caso o sujeito de “fizeram” é
(A) Composto.                                    &n  bsp;       (C) Implícito.
(B) Indeterminado                                        (D) Oração sem sujeito.

03.   Indique se o uso do SE nas orações abaixo é pronome apassivador ouíndice de indeterminação do sujeito.
a)    Falou-se muito sobre trabalho.
b)    Faz-se unha.
c)    Discutiu-se muito sobre o assunto.
d)    Alugam-se casas.

04.   Identifique o predicativo de cada oração, e em seguida classifique comopredicativo do sujeito ou do objeto.
a)    Derrubaram a velha casa.
b)    Seus pais são maravilhosos.
c)    O choro da criança parecia fraco.
d)    Os estudantes e os congressistas fizeram um bom trabalho.

05.   Identifique nas orações os predicados, e em seguida os classifique.
a)    Os bombeiros socorreram as vítimas do incêndio.
b)    Este homem parecia uma criança.
c)    Os alunos retornaram da excursão felizes.
d)    O seu gesto foi delicado.
e)    O dentista respondeu sério.
06.     Os professores universitários lutam por melhores salários.

07.     Classifique os verbos da questão anterior quanto aos verbos significativos.

08.     Classifique o termo grifado de cada oração em objeto direto ou objeto indireto.
a)O cantor não gostava de entrevistas.
b)      O cheiro da tinta contaminou o ar.
c)Eu vejo você amanhã.
d)     O povo reagiu contra os maus políticos.
09.     Classifique os termos destacados abaixo em complemento nominal ou adjunto adnominal.
a)O porão da casa estava cheio de ratos.
b)      As casas de madeira eram bem feitas.
c)Os bons políticos agiram favoravelmente ao povo.
d)     Os meninos ganharam bonés de veludo.

10.     Destaque nas orações o aposto ou o vocativo. Em seguida os classifique.
a)Chegou a hora da verdade, amigos.
b)      Olá, meu rapaz, isto não é vida! (M. Assis)
c)A morte, angústia de quem vive, ocorre ao acaso.
d)     Vocês por aqui, meninos?!
e)Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada.

11.     Relacione as orações coordenadas abaixo conforme o código seguinte:
( A ) oração coordenada assindética
(B ) oração coordenada sindética aditiva
( C ) oração coordenada sindética adversativa
( D ) oração coordenada sindética alternativa
( E ) oração coordenada sindética explicativa
( F ) oração coordenada sindética conclusiva

a) Gosto muito de dançar, pois faço “jazz” desde pequenina.(   )
b) Recebeu a bola, driblou o adversário e chutou para o gol.(   )
c) Acendeu o “abat-jour”, guardou os chinelos e deitou-se.(   )
d) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.(   )
e) Ele estudou bastante; deve, pois, passar no próximo vestibular.(   )
f) Está faltando água nas represas, por conseguinte haverá racionamento de energia.(  )
g) Não me abandone, ou eu sou capaz de morrer.(   )
h) Não é gulodice, nem egoísmo de criança.(   )
i) Ela não só chorava, como também rasgava as cartas com desespero.(   )
j) Choveu muito na região sudeste; no entanto, o rodízio de água começará amanhã.(   )

“A Leitura embriaga a alma e enobrece o espírito, enquanto que a Escrita imortaliza o ser, tornando-o modalizador de homens.”

Nesta 2ª apostila de Exercícios de Língua Portuguesa, algumas das atividades foram produzidas por mim, Francisco Antônio, outras foram pesquisadas em blogs, nos livros do Gestar II e no caderno da Olimpíada de Língua Portuguesa (06/08/12).  

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